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1ª Conferência Nacional de Bibliotecas Académicas: África deve romper invisibilidade científica

– alerta especialista

A necessidade de tornar a produção científica africana mais visível e acessível ao mundo marcou o discurso do académico queniano Prof. Doutor Arnold Mwanzo, um dos oradores da 1ª Conferência Nacional de Bibliotecas Académicas e de Pesquisa, que decorre de 3 a 5 de Dezembro, em Maputo.
Segundo Mwanzo, persiste a narrativa de que África é apenas consumidora do conhecimento científico global – uma percepção reforçada por estatísticas internacionais que atribuem ao continente cerca de 3% da produção mundial de investigação. Para o investigador, essa percentagem não reflecte à realidade.
Mwanzo veio à Maputo para refutar esta narrativa, afirmando que o continente africano produz muito mais, entretanto, as plataformas locais especializadas na publicação ainda não alcançaram visibilidade desejada, em parte, por não estarem indexadas às plataformas internacionais.
O académico apelou às universidades, departamentos de investigação e bibliotecas de todo o continente para assumirem “uma agenda comum de promoção das revistas científicas africanas”, garantindo não apenas a divulgação da produção local, mas também a criação de mecanismos de acesso aberto que aproximem os investigadores ao conhecimento gerado nos seus países.
Durante a apresentação intitulada “Beyond Licensing: Building Future-Proof and Resilient National Library Consortium Ecosystem”, Mwanzo partilhou a experiência do seu país, onde uma política de financiamento consistente – com 10% do orçamento institucional destinado às bibliotecas – tem impulsionado a modernização, a expansão do acesso digital e o fortalecimento de consórcios nacionais de partilha de recursos.

UEM destaca avanços e reafirma compromisso com o sector

Na cerimónia de abertura, o Vice-Reitor da UEM para Administração e Recursos, Prof. Doutor Mohsin Sidat, destacou os investimentos feitos ao longo dos últimos anos pelas universidades moçambicanas, com o apoio de parceiros nacionais e internacionais, para elevar a qualidade dos serviços documentais no país.
Sidat lembrou que, a UEM, tem liderado, desde os anos 2000, o processo de negociação e aquisição das bases de dados científicas que hoje beneficiam toda a comunidade académica nacional. “Hoje testemunhamos a consolidação deste sector, através da criação de um espaço para discutir o passado, reflectir sobre o presente e perspectivar o futuro das bibliotecas universitárias em Moçambique”, sublinhou.
O dirigente apelou à Associação Moçambicana de Bibliotecas Académicas e de Pesquisa (AMOBAP) para continuar a fortalecer mecanismos de colaboração e de financiamento conjunto, essenciais para garantir o acesso contínuo a recursos electrónicos e a outros serviços de uso partilhado.

Reitores apontam necessidade de união no acesso ao conhecimento

O Presidente do Conselho de Reitores, Professor Doutor Carvalho Madivate, ressaltou que o evento simboliza a maturidade do ensino superior moçambicano, reconhecendo que nenhuma instituição, por mais sólida que seja, consegue garantir isoladamente o acesso integral ao conhecimento científico de que o país necessita.
Durante os três dias, o evento vai debater temas como Bibliotecas e Sociedade; Planeamento e Gestão de Bibliotecas; Produtos, Serviços, Tecnologia e Inovação; e Ciência Aberta.
Organizado pelo Consórcio de Bibliotecas Universitárias de Moçambique, designado por Associação Moçambicana de Bibliotecas Académicas e de Pesquisa (AMOBAP), a 1ª Conferência Nacional decorre sob lema “Bibliotecas Universitárias, colaboração e sustentabilidade para o acesso à informação científica: alianças estratégicas para o sucesso do Consórcio Académico, em Moçambique”.